domingo, 22 de maio de 2011

Homocedasticidade

Um palavrão com o qual, certamente, consegui captar a atenção de todos os leitores. Na realidade, todos nós temos especial apetência a surpreender-nos com "palavrões". Uns indignam-se, outros seguem a sua Vida sem ligar muito ao palavreado.

A verdade é que eu cá gosto de "palavrões", principalmente daqueles que são enriquecedores da nossa cognição. Os restantes servem para exteriorizar outro tipo de "casamentos" entre pensamentos e ideias, não deixando, por isso, de ser menos válidos: depende é da situação.

Aos gregos, toda a minha consideração pela revolução no pensamento que operaram na Era Antiga. Ainda hoje conseguem deixar marcas bem visíveis no nosso quotidiano; como esta.

"Homocedasticidade", talvez de forma mais perceptível, "Homoskedasticity", do grego:
"homo" - "mesmo(a)"
"skedasis" - "dispersão"

Para os menos familiarizados com o termo, isto é uma das "dores de cabeça" para quem gosta de modelos de regressão: em qualquer tipo de dados (temporais ou "individuais") podemos ter umas quantas variáveis com comportamentos bastante instáveis, com grande variabilidade, portanto.


MAS (lamento esta "chamada de atenção", mas provavelmente a esta altura já a maioria dos leitores teriam fechado a janela):

A verdade é que, se os dados, sendo demonstrativos de alguns aspectos do Ser Humano, revelam este tipo de problemas, quando combinados de determinada forma, então agora imagine-se o que é conseguir captar este tipo de instabilidade nos individuos, per si.

Confuso? Muito simples: o Ser Humano é função da Sociedade em que vive. Se é para seguir A, então a multidão vai por A. Se é para seguir B, então a multidão vai por B. Se no fim de contas A é melhor, então voltam todos para A.

Fará isto sentido? Claro que sim! Caso contrário, as consequências psicológicas do "anti-social" são bem mais dolorosas que a pena de prisão em Rikers Island (que está tanto na moda...).

Quando surge um problema? Quando esta situação de instabilidade é característica constante.

A Sociedade rege-se por valores, alguns deles duvidosos, justificados por qualquer Cientista Social como: "fruto da crise global". Pois parece que a Sociedade já vive em crise há muitos anos. E com o passar destes, tende a acentuar-se.

No entanto, mesmo pensando nos valores "não duvidosos" da Sociedade, muitos dos seus elementos caem no ridiculo quando, sendo fervorosos defensores de uma causa, religião, profissão, o que for, agem como duas pessoas numa só, sendo instáveis (na sua pior acepção), por definição.

Ora, se a Sociedade já é bastante instável, porque fazer dela ainda mais instável? Para quê ser aquilo que não se sente que é? Se hoje em dia, as relações negociais, quaisquer que sejam, são indubitavelmente regidas por desconfiança, para quê tanta contestação se poucos são aqueles que seguem à risca o caminho que se vincularam a seguir?

Tudo tem uma explicação, ou pelo menos, espero que a minha seja convincente: os indivíduos agem em função de interesses. Torna-se problemático quando esses mesmos chocam com as convicções, sua fiel rival; tal como "um menino não deve bater numa menina, nem com uma flor", o quadro também fica estragado quando os interesses chocam com as convicções.


Preze-se a homocedasticidade, isto é, viver dentro dos limites a partir dos quais a liberdade de cada indivíduo, começa a usurpar da do próximo.

Caso contrário, dá-se razão àqueles que defendem o "sentido nenhum".



Quo Vadis, Frater?

3 comentários:

  1. Adoro a forma como fazes monólogos com o teu cérebro dentro de parêntesis e com uma letra mais pequenina. Admite: pouco a pouco sofres o complexo processo da Ramificação.

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  2. Até que nem está assim tão pequeno! Nem sequer tinha reparado, ou será ilusão de óptica?!

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  3. É é, senhor doutor! Arranje desculpas que a gente acredita! Estás a treinar para primeiro ministro, já tão novinho? :P

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