Sem procurar ser faccioso, todos sabemos o rumo das políticas dos últimos anos. Em especial, apregoa-se pelo programa "Novas Oportunidades":
- Óptima forma de cativar aqueles que outrora as desaproveitaram;
- Dotação do capital humano, para níveis de conhecimentos mais avançados;
- Ambição pela polivalência dos candidatos, após formação.
Todos somos capazes de escrever um projecto onde contamos a nossa Vida. Mais ainda: por mais que se queira passar "atestados" de ignorância a estas pessoas, ninguém, no seu perfeito juízo, traz provas de avaliação para sua casa, sem pedir ajuda a um qualquer membro da Família, com um nível de formação superior.
No fundo, os diplomas são um mero papel que nada atesta, nada certifica, nada concede. A não ser completa ineficiência dos recursos utilizados, isto é, dos formadores que SÓ PODEM estar a leccionar desta forma, porque assim são obrigados. Não consigo imaginar outro tipo de cenário na minha cabeça. E se ele existe, prefiro nem sequer saber. Nesse caso, não é ter "sentido nenhum", é ser uma perfeita aberração.
No entanto, não são as "Novas Oportunidades" que me preocupam. Lamento, sim, que os candidatos se mantenham no status quo inicial, mesmo depois de terem acabado a formação, isto em termos de Mercado de Trabalho.
Aquilo que realmente me preocupa é a Educação, no geral:
- Educação, no seu sentido estrito, não existe;
- Educação, no seu sentido lado, só tem reais efeitos a partir do Ensino Superior. E mesmo assim, o problema referido em (1) alastra para (2).
Mais deprimente ainda, é a legitimação dessa mesma "autoridade", pela autoridade da autoridade (em última análise, o Estado, todos nós, portanto).
O quadro é negro, vergonhoso, humilhante: ao contrário do apregoado, os resultados dos famosos do PISA - Programa Internacional de Avaliação dos Alunos - colocam-nos na cauda dos países participantes, entre eles, países da Europa de Leste, ainda hoje vistos como os "parentes pobres" da ex-URSS.
Consulte, para informações adicionais: http://www.pisa.oecd.org/pages/0,3417,en_32252351_32236225_1_1_1_1_1,00.html
Ainda mais negro e vergonhoso é aperceber-se que este problema deprimente alastra para o Ensino Superior. Seria o PISA bem empregue, nesta situação? Provavelmente iria revelar uma realidade muito triste, com a qual muitos ficariam surpreendidos e, certamente, não saberiam lidar.
Ainda neste ponto, o Bolonha só veio beneficiar os amantes de pizza ou de lasanha, porque em termos de formação do capital humano e dotação de conhecimentos suficientemente avançados, requeridos pelo Mercado de Trabalho actual, temos um longo caminho ainda a percorrer.
Na verdade, todos se acham preparados e bem formados, para serem grandes profissionais, cheios de sucesso. O pior: a mentalização é uma falácia. A realidade é capaz de mostrar uma Sociedade cada vez menos culta, formada, educada, no que aos aspectos mais básicos diz respeito. Temo que, no futuro, teremos inúmeros Doutores mentalizados que sabem o que não sabem e que ensinam o que não sabem ensinar (será que já não os há?...).
Em resumo, no futuro, o Mundo é daqueles que desde o principio viveram com os olhos abertos e souberam aproveitar as oportunidades, por seu mérito próprio (apesar de muitos fazerem crer o contrário; há que ajeitar o cotovelo...), pois esses saberão fazer, tal qual na Grécia Antiga, no centro da Polis: um belo discurso, imensos aplausos, vitória obtida.
Será isto legitimo? Não serei eu a dizê-lo, mas sim a própria Sociedade. Se como estamos, a exploração laboral, intelectual e social é a que todos (os que não são ingénuos) conseguem vislumbrar, então estamos a retroceder, em termos de pensamento.
E porquê? O estado da educação (e formação) é o espelho da Sociedade em que vivemos.
O povo está a estupidificar-se e eu não consigo deixar de o dizer. Serei o único a vê-lo?
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